quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O nome e seus determinantes

Sintagma:

 Definições:

 “Conjunto binário em que um dos elementos subordina o outro” (Aquino)
 “(...) combinação (binária) de formas em que um elemento determinante cria um elo de subordinação com outro elemento, que é o determinado” (Ribeiro)
 “(...) grupo de elementos linguísticos que formam uma unidade numa organização hierarquizada” (Dubois et al)

 Conjunto de elementos em relação de subordinação


 Sintagma = determinante + determinado

 Tipos (Aquino):

 Lexical (a)
 Locucional (b)
 Oracional e suboracional (c e c`)
 Superoracional (d)

 Exs.

(a) Aluna - alun- + -a
dto. dte.
(b) Meu amigo - meu + aluno
dte. dto.
(c) João adora chocolate - João + adora chocolate
dto. dte.
(c`) adora chocolate - adora + chocolate
dto. dte.
(d) Eu quero que você venha - Eu quero + que você venha
dto. dte.

Nome:

 “Em gramática, qualquer palavra que se opõe ao verbo e que admite a flexão de gênero e número. Por isso se diz nome substantivo e nome adjetivo.” (Aquino)

 (Bechara, Dubois, Perini e Ribeiro não apresentam definição)

 Nome - termo que corresponde às palavras que são ou podem funcionar como substantivo.

Determinante:
 “(...) termo acessório, menos importante, subordinado ao outro” (Aquino)

 Bechara não define determinante mas numa nota de rodapé o entende como elemento que compreende as noções de adjunto e complemento.

 Determinante à termo simples, locucional ou oracional que se articula com o nome modificando-o semântica1 e sintaticamente2.

1. Modifica o sentido;
2. Modifica sua função (passa a determinado)


Das classes envolvidas:

 1. Substantivo – denominativo

 Flexiona em gênero e número
 Varia em grau
 Funciona como núcleo do sintagma nominal

 Pronome substantivo
 Numeral substantivo
 Adjetivo substantivado
 Advérbio substantivado

 2. Artigo – indicador de gênero e número

 Flexiona em gênero e número
 Funciona como adjunto adnominal
 Pode se fundir com preposições

 Ex. O artigo indica o gênero e o número dos seus determinados.
 A classe dos artigos indica as noções de gênero e número das palavras determinadas.

 3. Adjetivo – qualificador (compreende as locuções adjetivas)*

 Flexiona em gênero e número
 Varia em grau
 Funciona como adjunto adnominal e predicativo

 Ex. O artigo indica o gênero e o número dos seus determinados.
A classe dos artigos indica as noções de gênero e número das palavras.

* As orações adjetivas também integram este grupo (determinante oracional)

 4. Pronome – substitui (pronome substantivo) ou acompanha (pronome adjetivo) o nome

 Flexiona em gênero e número
 Indica a pessoa do discurso
 Dividem-se em: pessoal; interrogativo; relativo; possessivo; demonstrativo; indefinido
 Funciona (quando na função de adjetivo) como adjunto adnominal ou predicativo

 Ex.
 O artigo indica o gênero e o número dos seus determinados.
 Aquele artigo indica o gênero e o número dos seus determinados.
 Todo artigo indica o gênero e o número dos seus determinados.

 5. Numeral – refere-se a números

 Flexiona em gênero e número
 Divisão: cardinal; ordinal; multiplicativo; fracionário
 Funciona como adjunto adnominal e predicativo

 OBS. Os determinantes podem se colocar tanto antes quanto depois dos termos determinados; apenas o artigo, a locução adjetiva, os demonstrativos e orações adjetivas possuem lugar fixo (artigo, antes; locução, depois; orações, depois ou intercalada)

 Há casos de ordem inversa da língua em que as locuções aparecem antes, no entanto são raros

 “Ouviram do Ipiranga as margens plácidas” = As margens plácidas do Ipiranga ouviram

 Há casos em que a inversão provoca alterações de sentido:

 Amigo velho Vs Velho amigo
 Algum problema Vs Problema algum

 Há casos em que a mudança do artigo provoca alterações de sentido:

 A capital Vs O capital
 O moral Vs A moral
 O bem Vs Os bens
 A féria Vs As férias

Das funções sintática dos determinantes:

 I – Adjunto adnominal – termo que determina o núcleo de um SN

 Artigo
 Adjetivo
 Locução adjetiva
 Numeral adjetivo
 Pronome adjetivo
 Oração subordinada adjetiva

 Exs:
 O pássaro
 Bela menina
 Casa de pedra
 Tenho duas irmãs.
 Minha camisa
 É uma pessoa que se cuida.

 II – Complemento Nominal – Termo que se liga a substantivo abstrato, adjetivo ou advérbio

 Locução

 Exs.

 Tenho certeza do seu sucesso.
 Estava pronto para tudo.
 Estava longe da mesa.

 III – Predicativo – termo que se liga ao sujeito ou ao objeto para modificar-lhes o sentido. Apenas o predicativo do objeto é considerado um determinante.

 Estruturas:

 P.S. à S + VL + P O aluno anda cansado.
 P.O. à S + VT + O + P Deixem o corredor limpo.

 IV – Aposto – termo especificativo que se liga a um nome.

 Ex.

 Márcio, o assassino da barra de ferro, foi finalmente capturado.

Casos de difícil distinção:

 Adjunto e complemento

 Quando ligados a um substantivo, podem se confundir facilmente; critério da atividade/passividade

 A partida de futebol Vs A partida dos jogadores
 A pesquisa da vacina Vs A pesquisa dos cientistas
 A descoberta da cura Vs A descoberta dos doutores

 Adjunto e aposto (especificativo ou especificador)

 Será aposto se houver uma relação de contigüidade (proximidade/correspondência) entre determinado e determinante

 O rio Iguaçu secou.
 O professor Fábio morreu.
 O mês de julho voou.
 A cidade de Paracambi é pacata.

 Adjunto e predicativo (do objeto)

 Para distinguir, substitui-se o complemento por pronome; se o modificador permanecer, predicativo, caso contrário, adjunto. Veja:

 O promotor considerou as questões nulas.
 O Promotor considerou-as nulas.
 Logo, Predicativo

 O promotor proferiu decisões nulas.
 O promotor proferiu-as.
 Logo, adjunto

Bibliografia:

 AQUINO, Renato. Dicionário de Gramática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.
 BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001.
 DUBOIS, Jean (org). Dicionário de Linguística. São Paulo: Cultrix, 1998.
 PERINI, Mário A. Gramática Descritiva do Português. São Paulo: Ática, 2001.
 RIBEIRO, Manuel P. Nova Gramática Aplicada da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Metáfora, 2002.

Complementos verbais

Objeto direto, indireto, direto preposicionado, indireto não preposicionado, direto e indireto pleonástico

Fatores:

* Verbos nocionais Vs Verbos relacionais

Verbos nocionais constituem os predicados verbais ou os verbo-nominais; já os relacionais são característicos dos nominais

* Nocionais – transitivo (direto, indireto ou direto e indireto)

* Transitividade e semântica
O sentido do verbo pode determinar a sua transitividade

Assistir – visar – atender – chamar – aspirar – assistir.

Exemplos:

 Assisti os necessitados.
 O inspetor visou todos os diplomas.
 Este trabalho visa ao aprendizado.
 Não o atendi com prazer.
 Assisti a uma de suas aulas.
 Não atendi ao seu apelo.
 Eu chamei minha irmã o nais alto que pude.
 Chamavam-lhe de maluco.
 Aspira o pó.
 Aspirei ao cargo de coordenador.

1. Objeto direto preposicionado:

 Verbos de sentimento
 Para evitar ambiguidades
 Enfatiza o complemento
 Realçar ideia de porção

Ele só ama a você, Ana.
A Abel matou Caim.
Cumpri com o prometido.
Tomava do vinho com prazer.

2. Objeto indireto sem preposição:

Ocorre nos casos em que o pronomes oblíquos são complementos

Emprestei-lhe minhas revistas.

Ele nos enviou umas revistas russas.

3. Objeto direto e indireto pleonásticos

Três fatores:

Do papel do anacoluto
Da topicalização
Do pleonasmo sintático

Estas meninas, já as vi em algum lugar.

Às minhas poesias, não lhes dava nenhuma atenção.

4. Objeto direto interno

Também um caso de pleonasmo, consiste em objeto que reforça a ideia já contida no verbo:

Morreu morte infame.

“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

Nós cantamos um canto glorioso.

Dormir um sono bom

Breves comentários sobre os contos do Mia Couto selecionados para leitura

As três irmãs

O conto trata da submissão feminina e de vidas sem maiores emoções. As três irmãs se definem por um afazer tipicamente feminino: a poesia, a culinária e o bordado. O conto é extremamente poético e prenhe de passagens bastante líricas. Do ponto de vista lingüístico, convém destacar o uso pronominal proclítico e o belo neologismo (cristalinda). O jogo de metonímias da última parte também merece destaque. O desfecho do conto põe em cena o inusitado como manutenção do equilíbrio (homens se beijam).

O homem cadente

O conto discute os limites entre o real e o fantástico. O elemento onírico delineia o fantástico na medida em que o personagem-narrador faz da realidade o sonho. Há ainda uma discussão acerca da histeria coletiva. Mais uma vez o uso pronominal chama atenção. É a moça o elo entre o fantástico e o real, já que ela habita dois mundos.

O cesto

Texto estruturalmente simples, mas de uma força extraordinária, traz uma mulher no papel de protagonista cujo marido se encontra em leito de morte. A figura feminina se mostra (como no 1º conto) em estado de submissão mesmo diante do desvanecimento do marido. O duelo aqui é mais uma vez travado pela vida e pela morte: a luz de um só brilha quando a do outro se apaga (“A sua vida me apagou. A sua morte me fará nascer”). Antes tal constatação, a mulher passa a desejar a morte do marido, sinônimo de sua liberdade. A morte chega para o homem, no entanto, a vida que, esperava-se, jorraria dos poros da mulher, permanece acanhada. O conto não traz inovações de estilo.

Inundação

O conto aborda o tema da ausência e das consequências que daí resultam. Embora o narrador seja um menino, mais uma vez a figura feminina ocupa o centro da narrativa. O texto fala assim da lembrança e de seu poder de dar corpo ao que está ausente. A ausência, nesse sentido, não é um vazio total, mas um espaço em branco cujos contornos são delineados pelos traços da lembrança, inundação seja de rios ou céus.

Saia almarrotada

Nesse conto a personagem é uma mulher (a única) numa família de outros tantos homens. Além de mulher, é a caçula, o que simboliza ainda mais a sua fragilidade. A mãe falece durante o seu parto: “Minha mãe nunca soletrou meu nome. Ela se calou no primeiro choro, tragada pelo silencia”. A personagem parece se sentir deslocada da família e da sociedade em si. Há um tom de impessoalidade ou despersonalização já que, com exceção de um tio (Jonjão), os pares da personagem não são dados a conhecer pelo leitor senão por termos genéricos: filharada, outras moças, mulheres etc. Portanto, é mais uma vez a mulher destituída de sua feminilidade que ocupa o centro da narrativa. O título sintetiza essa perda da feminilidade ou a sua descaracterização: o NBeologismo garante a simbiose do objeto (saia) com a figura (almarrotada) feminina.

O adiado avô

Apesar do deslocamento gerado no que diz respeito ao protagonismo (nesse conto é um homem), ainda é da condição de sofrimento da mulher que o texto trata também. Todos os personagens nomeados assim o são por neologismo, dois morfológicos (Zedmundo e Amadalena) e um semântico (Glória). É interessante notar como estes neologismos falam muito da personalidade dos personagens que nomeiam; há uma sintonia no que tange os nomes e o desenrolar da narrativa: “O velho Zedmundo nunca tivera nem rumo certo nem destino duradouro”; “(...) vendo-o assim, babado, e minguado, minha mãe entendia que o velho, seu velho homem, queria, afinal, ser sua única atenção”. O desfecho do conto, ao contrário dos anteriores, traz o clássico final feliz.

Na tal noite

O texto traz à baila a história de uma segunda mulher que só vê o pai dos seus filhos uma vez ao ano: na tal noite / a noite de natal. Há um jogo entre o título e a situação que encerra: é em noite de natal que o pai natal aparece; note-se que pai natal se opõe a pai Noel, embora haja semelhanças entre eles, nas atitudes (chega de carro a dar presentes) e no aspecto físico (são ambos corpulentos). O traço peculiar da personagem feminina está na sua aceitação – um tanto frustrada – da condição de segunda mulher. Ela louva o seu marido, Sidónio, pelo cumprimento mínimo do papel de pai, mas o papel de homem quem faz é o vizinho. Sendo assim, a personagem feminina difere das outras em termos de absoluta submissão.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Exercícios sobre figuras de linguagem

I.

01. (VUNESP) No trecho: "...dão um jeito de mudar o mínimo para continuar mandando o máximo", a figura de linguagem presente é chamada:

a) metáfora
b) hipérbole
c) hipérbato
d) anáfora
e) antítese

02. (PUC - SP) Nos trechos: "O pavão é um arco-íris de plumas" e "...de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira..." enquanto procedimento estilístico, temos, respectivamente:

a) metáfora e polissíndeto;
b) comparação e repetição;
c) metonímia e aliteração;
d) hipérbole e metáfora;
e) anáfora e metáfora.

03. (PUC - SP) Nos trechos: "...nem um dos autores nacionais ou nacionalizados de oitenta pra lá faltava nas estantes do major" e "...o essencial é achar-se as palavras que o violão pede e deseja" encontramos, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem:

a) prosopopéia e hipérbole;
b) hipérbole e metonímia;
c) perífrase e hipérbole;
d) metonímia e eufemismo;
e) metonímia e prosopopéia.

04. (VUNESP) Na frase: "O pessoal estão exagerando, me disse ontem um camelô", encontramos a
figura de linguagem chamada:

a) silepse de pessoa
b) elipse
c) anacoluto
d) hipérbole
e) silepse de número

05. (ITA) Em qual das opções há erro de identificação das figuras?

a) "Um dia hei de ir embora / Adormecer no derradeiro sono." (eufemismo)
b) "A neblina, roçando o chão, cicia, em prece. (prosopopéia)
c) Já não são tão freqüentes os passeios noturnos na violenta Rio de Janeiro. (silepse de número)
d) "E fria, fluente, frouxa claridade / Flutua..." (aliteração)
e) "Oh sonora audição colorida do aroma." (sinestesia)

06. (UM - SP) Indique a alternativa em que haja uma concordância realizada por silepse:

a) Os irmãos de Teresa, os pais de Júlio e nós, habitantes desta pacata região, precisaremos de muita força para sobreviver.
b) Poderão existir inúmeros problemas conosco devido às opiniões dadas neste relatório.
c) Os adultos somos bem mais prudentes que os jovens no combate às dificuldades.
d) Dar-lhe-emos novas oportunidades de trabalho para que você obtenha resultados mais satisfatórios.
e) Haveremos de conseguir os medicamentos necessários para a cura desse vírus insubordinável a qualquer tratamento.


07. (FEI) Assinalar a alternativa correta, correspondente à figuras de linguagem, presentes nos fragmentos abaixo:

I. "Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste."

II. "A moral legisla para o homem; o direito para o cidadão."

III. "A maioria concordava nos pontos essenciais; nos pormenores porém, discordavam."

IV. "Isaac a vinte passos, divisando o vulto de um, pára, ergues a mão em viseira, firma os olhos."

a) anacoluto, hipérbato, hipálage, pleonasmo;
b) hipérbato, zeugma, silepse, assíndeto;
c) anáfora, polissíndeto, elipse, hipérbato;
d) pleonasmo, anacoluto, catacrese, eufemismo;
e) hipálage, silepse, polissíndeto, zeugma.

08. (FEBA - SP) Assinale a alternativa em que ocorre aliteração:

a) "Água de fonte .......... água de oceano ............. água de pranto. (Manuel Bandeira)
b) "A gente almoça e se coça e se roça e só se vicia." (Chico Buarque)
c) "Ouço o tique-taque do relógio: apresso-me então." (Clarice Lispector)
d) "Minha vida é uma colcha de retalhos, todos da mesma cor." (Mário Quintana)
e) N.d.a.

09. (CESGRANRIO) Na frase "O fio da idéia cresceu, engrossou e partiu-se" ocorre processo de gradação. Não há gradação em:

a) O carro arrancou, ganhou velocidade e capotou.
b) O avião decolou, ganhou altura e caiu.
c) O balão inflou, começou a subir e apagou.
d) A inspiração surgiu, tomou conta de sua mente e frustrou-se.
e) João pegou de um livro, ouviu um disco e saiu.

10. (FATEC) "Seus óculos eram imperiosos." Assinale a alternativa em que aparece a mesma figura de linguagem que há na frase acima:

a) "As cidades vinham surgindo na ponte dos nomes."
b) "Nasci na sala do 3° ano."
c) "O bonde passa cheio de pernas."
d) "O meu amor, paralisado, pula."
e) "Não serei o poeta de um mundo caduco."

II.

Exercício 1: No enunciado: “Virgílio, traga-me uma coca cola bem gelada!”, registra-se uma figura de linguagem denominada:

A) anáfora
B) personificação
C) antítese
D) catacrese
E) metonímia

Exercício 2: (FMU) Quando você afirma que enterrou “no dedo um alfinete”, que embarcou “no trem” e que serrou “os pés da mesa”, recorre a um tipo de figura de linguagem denominada:

A) metonímia
B) antítese
C) paródia
D) alegoria
E) catacrese

Exercício 3: (U. Taubaté) No sintagma: “Uma palavra branca e fria”, encontramos a figura denominada:

A) sinestesia
B) eufemismo
C) onomatopéia
D) antonomásia
E) catacrese

Exercício 4: (FAU-Santos) Nos versos: “Bomba atômica que aterra
Pomba atônita da paz
Pomba tonta, bomba atômica…”

A repetição de determinados elemento fônicos é um recurso estilístico denominado:

A) hiperbibasmo
B) sinédoque
C) metonímia
D) aliteração
E) metáfora

Exercício 5: (Maringá) Leia os versos e depois assinale a alternativa correta:

“Amo do nauta o doloroso grito
Em frágil prancha sobre o mar de horrores,
Porque meu seio se tornou pedra,
Porque minh’alma descorou de dores.” (Fagundes Varela)

No primeiro verso, há uma figura que se traduz por:

A) pleonasmo
B) hipérbato
C) gradação
D) anacoluto
E) anáfora

Exercício 6: (Cesesp – PE) Leia atentamente os períodos:

1.Vários de nós ficamos surpresos.
2.Essa gente está furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo.
3.Tua mãe, não há idade nem desgraça que lhe transforme o sorriso.
4.Entre elas, alguém estava envergonhada.
Os períodos aça contêm, respectiva e sucessivamente, as seguintes figuras de sintaxe:

A) Silepse de pessoa, silepse de gênero, anacoluto, silepse de número.
B) Anacoluto, anacoluto, anacoluto, silepse de número.
C) Silepse de número, silepse de pessoa, anacoluto, anacoluto.
D) Silepse de pessoa, silepse de número, anacoluto, silepse de gênero.
E) Silepse de pessoa, anacoluto, silepse de gênero, anacoluto.

Exercício 7: (Inatel) Reconheça e classifique as figuras de palavras, de construção e de pensamento:

( ) “Quando uma lousa cai sobre um cadáver mudo”.
( ) “Terrível hemorragia de sangue”.
( ) “Das idades através”.
( ) “Oxalá tenham razão”.
( ) “Trejeita, e canta, e ri nervosamente”.

•(1) Polissíndeto
•(2) Hipérbato
•(3) Epíteto
•(4) Pleonasmo
•(5) Elipse
A sequência que corresponde à resposta correta é:

A) 4,3,5,2,1
B) 3,4,2,1,5
C) 3,4,2,5,1
D) 3,4,5,2,1
E) 1,3,2,5,4

Exercício 8: (Cescea) Identifique os recursos estilísticos empregados no texto:

“Nem tudo tinham os antigos, nem tudo temos, os modernos”. (Machado de Assis)

A) anáfora – antítese – silepse
B) metáfora – antítese – elipse
C) anástrofe – antítese – zeugma
D) pleonasmo – antítese – silepse
E) anástrofe – comparação – parábola

Exercício 9: (Mack) Nos versos abaixo, uma figura se ergue graças co conflito de duas visões antagônicas:

“Saio do hotel com quatro olhos,
- Dois do presente,
- Dois do passado.”

Esta figura de linguagem recebe o nome de:

A) metonímia
B) catacrese
C) hipérbole
D) antítese
E) hipérbato

Exercício 10: (FUVEST) Identifique a figura de linguagem empregada nos versos destacados:

“No tempo de meu Pai, sob estes galhos,
Como uma vela fúnebre de cera,
Chorei bilhões de vezes com a canseira
De inexorabilíssimos trabalhos!”

A) antítese
B) anacoluto
C) hipérbole
D) litotes
E) paragoge

Exercício 11: (FUVEST) A figura de linguagem empregada nos versos em destaque é:

“Quando a Indesejada das gentes chegar
(Não sei se dura ou caroável)
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
- Alô, iniludível!”

A) clímax
B) eufemismo
C) sínquise
D) catacrese
E) pleonasmo

Exercício 12: Em cada um dos períodos abaixo ocorre uma silepse. Marque a alternativa que classifica corretamente cada uma delas.

1.“Está uma pessoa ouvindo missa, meia-hora o cansa e atormenta e faz romper em murmurações”.
2.“E todos assim nos distraímos nesses preparativos”. (Aníbal Machado)
3.“A multidão vai subindo, subiram, subiram mais”. (Murilo Mendes)

A) silepse de gênero, silepse de número, silepse de número.
B) silepse de pessoa, silepse de número, silepse de pessoa.
C) silepse de gênero, silepse de pessoa, silepse de pessoa.
D) silepse de gênero, silepse de pessoa, silepse de número.
E) silepse de número, silepse de pessoa, silepse de gênero.

Nos exercícios de número 1 a 20, faça a associação de acordo com o seguinte código:

a) elipse g) anacoluto
b) zeugma h) silepse de gênero
c) pleonasmo i) silepse de número
d) polissíndeto j) silepse de pessoa
e) assíndeto l) anáfora
f) hipérbato m) anástrofe

1. ( ) “Dizem que os cariocas somos pouco dados aos jardins públicos.”(Machado de Assis)
2. ( ) “Aquela mina de ouro, ele não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.” (José Lins do Rego)
3) ( ) “Este prefácio, apesar de interessante, inútil.” (Mário Andrade)
4. ( ) “Era véspera de Natal, as horas passavam, ele devia de querer estar ao lado de lá-Dijina, em sua casa deles dois, da outra banda, na Lapa-Laje.” (Guimarães Rosa)
5. ( ) “Em volta: leões deitados, pombas voando, ramalhetes de flores com laços de fitas, o Zé-Povinho de chapéu erguido.”
(Aníbal Machado)
6. ( ) “Sob os tetos abatidos e entre os esteios fumegantes, deslizavam melhor, a salvo, ou tinham mais invioláveis esconderijos, os sertanejos emboscados. “ (Euclides da Cunha)
7. ( ) V. Exa. está cansado?
8. ( ) “Caça, ninguém não pegava... (Mário de Andrade)
9. ( ) “Mas, me escute, a gente vamos chegar lá.”(Guimarães Rosa)
10. ( ) “Grande parte, porém, dos membros daquela assembléia estavam longe destas idéias.”(Alexandre Herculano)
11. ( ) “E brinquei, e dancei e fui
Vestido de rei....”(Chico Buarque)
12. ( ) “Wilfredo foge. O horror vai com ele, inclemente. Foge, corre, e vacila, e tropeça e resvala, E levanta-se, e foge alucinadamente....”(Olavo Bilac)
13. ( ) “Agachou-se, atiçou o fogo, apanhou uma brasa com a colher, acendeu o cachimbo, pôs-se a chupar o canudo do taquari cheio de sarro.” (Graciliano Ramos)
14. ( ) “Tão bom se ela estivesse viva me ver assim.”
(Antônio Olavo Pereira)
15. ( ) “Coisa curiosa é gente velha. Como comem!” (Aníbal Machado)
16. ( ) “Sonhei que estava sonhando um sonho sonhado.”(Martinho da Vila)
17. ( ) “Rubião fez um gesto. Palha outro; mas quão diferentes.”( Machado de Assis)
18. ( ) “Estava certo de que nunca jamais ninguém saberia do meu crime.” (Aurélio Buarque de Holanda)
19. ( ) “Fulgem as velhas almas namoradas....
- Almas tristes, severas, resignadas,
De guerreiros, de santos, de poetas. “
(Camilo Pessanha)
20. ( ) “Muita gente anda no mundo sem saber pra quê: vivem porque vêem os outros viverem.”
(J. Simões Lopes Neto)

Figuras de linguagem - teoria

Figuras de estilo ou de linguagem

As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso lingüístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.

As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado, não- denotativo, passa a pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo.

As figuras de linguagem classificam-se em:

a) figuras de palavra;
b) figuras de harmonia;
c) figuras de pensamento;
d) figuras de construção ou sintaxe.

FIGURAS DE PALAVRA

As figuras de palavra são figuras de linguagem que consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.

Comparação: Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros.

Exemplos: "Amou daquela vez como se fosse máquina.
Beijou sua mulher como se fosse lógico."

Metáfora: Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido.

Exemplo: "Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrairpérolas, que é a razão."

Metonímia: Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos:

a causa pelo efeito e vice-versa:

"E assim o operário ia
Com suor e com cimento
Erguendo uma casa aqui
Adiante um apartamento."
Com trabalho.

o lugar de origem ou de produção pelo produto:

Comprei uma garrafa do legítimo porto.
O vinho da cidade do Porto.
o autor pela obra:
Ela parecia ler Jorge Amado.
A obra de Jorge Amado.

o abstrato pelo concreto e vice-versa:

Não devemos contar com o seu coração.
Sentimento, sensibilidade.

Sinédoque: Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, havendo ampliação ou redução do sentido usual da palavra numa relação quantitativa. Encontramos sinédoque nos seguintes casos:

o todo pela parte e vice-versa:

"A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo."

o singular pelo plural e vice-versa:

O paulista é tímido; o carioca , atrevido.

o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum):
Para os artistas ele foi um mecenas.

Modernamente, a metonímia engloba a sinédoque.

Catacrese: A catacrese é um tipo de especial de metáfora, "é uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito lingüístico, já fora do âmbito estilístico." (Othon M. Garcia)

Exemplos: folhas de livro, pele de tomate, dente de alho, montar em burro, céu da boca, cabeça de prego,mão de direção, ventre da terra, asa da xícara, sacar dinheiro no banco.

Sinestesia: A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).

Exemplo: "A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia[sensações táteis], quase irreal." (Augusto Meyer)

Antonomásia: Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a distingue.
Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome próprio.

Exemplos:
"E ao rabi simples1, que a igualdade prega,
Rasga e enlameia a túnica inconsútil;
1 Cristo
Pelé (= Edson Arantes do Nascimento)
O poeta dos escravos (= Castro Alves)
O Dante Negro (= Cruz e Souza)
O Corso (= Napoleão)

Alegoria: A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética que consiste em expressar uma situação global por meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos - um referencial e outro metafórico.

Exemplo: "A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente... (Machado de Assis)

FIGURAS DE HARMONIA

Chamam-se figuras de som ou de harmonia os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ou, ainda, quando se procura "imitar"sons produzidos por coisas ou seres.

Aliteração: Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante ou de consoantes similares, geralmente em posição inicial da palavra.

Exemplo: "Toda gente homenageia Januária na janela."

Assonância: Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema.

Exemplo: "Sou Ana, da cama
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam."

Paronomásia: Ocorre paronomásia quando há reprodução de sons semelhantes em palavras de significados diferentes.

Exemplo: "Berro pelo aterro pelo desterro
berro por seu berro pelo seu erro
quero que você ganhe que você me apanhe
sou o seu bezerro gritando mamãe."

Onomatopéia: Ocorre quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um ruído ou som.

Exemplo: "O silêncio fresco despenca das árvores.
Veio de longe, das planícies altas,
Dos cerrados onde o guaxe passe rápido...
Vvvvvvvv... passou."

FIGURAS DE PENSAMENTO

As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico.

Antítese: Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.

Exemplo: "Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nosbem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal." (Rui Barbosa)

Apóstrofe: Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à expressão.

Exemplo: "Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?" (Castro Alves)

Paradoxo: Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de idéias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.

Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;" (Camões)

Eufemismo: Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante.

Exemplo: "E pela paz derradeira1 que enfim vai nos redimir Deus lhe pague" (Chico Buarque)
paz derradeira: morte

Gradação: Ocorre gradação quando há uma seqüência de palavras que intensificam uma mesma idéia.

Exemplo: "Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo." (Castro Alves)

Hipérbole: Ocorre hipérbole quando há exagero de uma idéia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto.

Exemplo: "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac)

Ironia: Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.

Exemplo: "Moça linda, bem tratada,
três séculos de família,
burra como uma porta:
um amor." (Mário de Andrade)

Prosopopéia: Ocorre prosopopéia (ou animização ou personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres animados a seres inanimados ou imaginários.
Também a atribuição de características humanas a seres animados constitui prosopopéia o que é comum nas fábulas e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: "O peixinho (...) silencioso e levemente melancólico..."

Exemplos: "... os rios vão carregando as queixas do caminho." (Raul Bopp)
" Um frio inteligente (...) percorria o jardim..." (Clarice Lispector)

Perífrase: Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear.

Exemplo: "Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Cidade maravilhosa
Coração do meu Brasil." (André Filho)

FIGURAS DE SINTAXE

As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.

Assíndeto: Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por exigência das pausas rítmicas (vírgulas).

Exemplo: "Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se." (Machado de Assis)

Elipse: Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e dinamismo.

Exemplo: "Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas."
1 Elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias...)

Zeugma: Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição.

Exemplo: "Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários dos Felipes." 1
1 Zeugma do verbo: "e foram assassinados..."

Anáfora: Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou verso.

Exemplo: "Depois o areal extenso...
Depois o oceano de pó...
Depois no horizonte imenso
Desertos... desertos só..." (Castro Alves)

Pleonasmo: Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma idéia, isto é, redundância de significado.

a) Pleonasmo literário: É o uso de palavras redundantes para reforçar uma idéia, tanto do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.

Exemplo: "Iam vinte anos desde aquele dia
Quando com os olhos eu quis ver de perto
Quando em visão com os da saudade via." (Alberto de Oliveira)

"Ó mar salgado, quando do teu sal
São lágrimas de Portugal" (Fernando Pessoa)

b) Pleonasmo vicioso: É o desdobramento de idéias que já estavam implícitas em palavras anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de reforço de uma idéia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido real das palavras.

Exemplos: subir para cima, entrar para dentro, repetir de novo, ouvir com os ouvidos, hemorragia de sangue, monopólio exclusivo, breve alocução, principal protagonista

Polissíndeto: Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gramatical ( geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos.

Exemplo: "Vão chegando as burguesinhas pobres,
e as criadas das burguesinhas ricas
e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza." (Manuel Bandeira)

Anástrofe: Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizinhas (determinante / determinado).

Exemplo: "Tão leve estou 1 que nem sombra tenho." (Mário Quintana)
1 Estou tão leve...

Hipérbato: Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de membros da frase.
Exemplo: "Passeiam à tarde, as belas na Avenida. " 1 (Carlos Drummond de Andrade)
1 As belas passeiam na Avenida à tarde.

Sínquise: Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes da frase. É um hipérbato exagerado.
Exemplo: "A grita se alevanta ao Céu, da gente. " 1 (Camões)
1 A grita da gente se alevanta ao Céu.

Hipálage: Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade que pertence a uma objeto é atribuída a outro, na mesma frase.
Exemplo: "... as lojas loquazes dos barbeiros." 2 (Eça de Queiros)
2 ... as lojas dos barbeiros loquazes.

Anacoluto: Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a seqüência lógica. A construção do período deixa um ou mais termos - que não apresentam função sintática definida - desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa sensível.

Exemplo: "Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas." (Alcântara Machado)

Silepse: Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a idéia a elas associada.

a) Silepse de gênero: Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino).
Exemplo: "Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito." (Guimarães Rosa)

b) Silepse de número: Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural).
Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam." (Mário Barreto)

c) Silepse de pessoa: Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado.
Exemplo: "Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas." (Machado de Assis)

Autoria: Norberto Gonçalves

Slides sobre características formais dos textos literários e exemplos diversos de figuras de linguagem

Características formais da linguagem dos textos literários:

texto em verso X texto em prosa

Poema ou poesia

Métrica – medida dos versos segundo o número de sílabas poéticas; a separação das sílabas poéticas se chama escansão.

Comparemos:

Divisão silábica gramatical

Mi-nha-des-gra-ça,-ó-cân-di-da-don-ze-la,
(12)
O-que-faz-que-o-meu-pei-to-as-sim-blas-fe-ma
(13)

Mi-nha-des-gra-ça, ó-cân-di-da-don-ze-la,
(10)
O-que-faz-que o-meu-pei-to as-sim-blas-fe-ma
(10)

Versos de métrica idêntica são chamados regulares, caso contrário, são chamados de livres.

Rima efeito baseado na semelhança sonora de palavras no final ou no interior do verso (externa ou interna):

Intercaladas (ABBA); Alternadas (ABAB); Emparelhadas (AABB)

Há de se considerar também o ritmo, que se constrói em virtude da posição de sílabas tônicas nos versos do poema.

Figuras de linguagem

As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso lingüístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.

As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado, não- denotativo, passa a pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo.

As figuras de linguagem classificam-se em:

a) figuras de palavra;
b) figuras de harmonia;
c) figuras de pensamento;
d) figuras de construção ou sintaxe.

Figuras de palavra

a) comparação       
b) metáfora             
c) metonímia          
d) catacrese
e) sinestesia
f) antonomásia

(A) Comparação


"Amou daquela vez como se fosse máquina.
Beijou sua mulher como se fosse lógico.”

Vida vem em ondas como o mar.

Meu coração está igual a um céu cinzento.

(B) Metáfora

"Meu pensamento é um rio subterrâneo." (Fernando Pessoa)

Seus olhos são luzes brilhantes.

Ele é um anjo.

Ela é uma flor.

(C) Metonímia

1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis.
(= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis.)

2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo.
(= As lâmpadas iluminam o mundo.)

3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz.
(= Não te afastes da religião.)

4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana.
(= Fumei um saboroso charuto.)

5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a  morte.
(= Sócrates tomou veneno.)

6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho.
(= Moro no campo e como o alimento que produzo.)

7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo.
(= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)

8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores.
(= Os repórtere sforam atrás dos jogadores.)

9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente.
(= Várias pessoas passavam apressadamente.)

10 -  Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo.
(= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)

11 -  Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos.
(= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher.)

12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone.
(= Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.)

13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua.
(= Alguns astronautas foram à Lua.)

14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado.
(= A justiça ficará do teu lado.)

D) Catacrese

folhas de livro, pele de tomate, dente de alho, montar em burro, céu da boca, cabeça de prego,mão de direção, ventre da terra, asa da xícara, sacar dinheiro no banco.

(E) sinestesia

"A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia[sensações táteis], quase irreal."   (Augusto Meyer)

Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = auditivo; áspero = tátil) No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; negro = visual)

(F) Antonomásia

A Cidade Maravilhosa recebe muitos turistas durante o carnaval.
O Rei das Selvas está bravo.
A Dama do Suspense escreveu livros ótimos.
O Mestre do Suspense dirigiu grandes clássicos do cinema.

OBS: Quando referido a lugares ou animais, chama-se perífrase.

Figuras de som ou de harmonia

a) aliteração              
b) assonância
c) paronomásia 
d) onomatopéia

(A) Aliteração

“Auriverde pendão de minha terra
que a brisa do Brasil beija e balança” (C. Alves)
 
“O rato roeu a roupa do rei de Roma”

“Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva,
Marcada a frio, ferro e fogo em carne viva.
Quero ficar feito cruz nas tuas costas,
Que te retalha em postas,
Mas no fundo gostas quando a noite vem” (Chico)

Três pratos de trigo para três tigres tristes.

O rato roeu a roupa do rei de Roma.

Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

“Esperando, parada, pregada na pedra do porto.”

"Toda gente homenageia Januária na janela."

(B) Assonância

“Sou um mulato nato no sentido lato” (C. Veloso)

"Sou Ana, da cama
da cana, fulana, bacana
Sou Ana de Amsterdam."

(C) Paronomásia

“Trocando em miúdos, podes guardar
As sobras de tudo que chamam lar
As sombras de tudo que fomos nós”

(D) Onomatopeia

Com o au-au dos cachorros, os gatos desapareceram.

Miau-miau. – Eram os gatos miando no telhado a noite toda.

Os sinos faziam blem, blem, blem, blem.
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
Cócórócócó, fez o galo às seis da manhã.

"O silêncio fresco despenca das árvores.
Veio de longe, das planícies altas,
Dos cerrados onde o guaxe passe rápido...
Vvvvvvvv... passou."

Figuras de pensamento

a) antítese     
b) eufemismo       
c) ironia             
d) apóstrofe      
e) gradação       
f) prosopopéia   
g) paradoxo
h) hipérbole

(a) antítese

"Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nosbem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal." (Rui Barbosa)

Ela se preocupa tanto com o passado que esquece o presente.
A guerra não leva a nada, devemos buscar a paz.

(b) eufemismo   
    
E pela paz derradeira1 que enfim vai nos redimir Deus lhe pague"

Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Senhor. (= morreu)
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)

Aquele rapaz não é legal, ele subtraiu dinheiro.
Acho que não fui feliz nos exames.

(c) ironia             

Que homem lindo! (quando se trata, na verdade, de um homem feio.)

Como você escreve bem, meu vizinho de 5 anos teria feito uma redação melhor!

Que bolsa barata, custou só mil reais!

Que alunos inteligentes, não sabem nem somar.

Se você gritar mais alto, eu agradeço.

“A excelente Dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças.”

Como você foi bem na última prova, não tirou nem a nota mínima! Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão por perto.

"Moça linda, bem tratada,
três séculos de família,
burra como uma porta:
um amor." (Mário de Andrade)

(d) apóstrofe

Moça, que fazes aí parada?

"Pai Nosso, que estais no céu..."
"Liberdade, Liberdade,
Abre as asas sobre nós,
Das lutas, na tempestade,
Dá que ouçamos tua voz..." (Osório Duque Estrada)

(e) gradação       

"Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo." (Castro Alves)

"Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor". (Olavo Bilac)
"O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se." (Padre Antônio Vieira)

“Um coração chagado de desejos
Latejando, batendo, restrugindo.”

(f) prosopopéia   

O jardim olhava as crianças sem dizer nada.

O céu está mostrando sua face mais bela.

O cão mostrou grande sisudez.

A formiga disse para a cigarra: ” Cantou…agora dança!”

As pedras andam vagarosamente.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse.
Chora, violão.

(g) paradoxo

Na reunião, o funcionário afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades econômicas.

"Amor é fogo que arde sem se ver;
ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;" (Camões)

(h) hipérbole 

Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.

"Rios te correrão dos olhos, se chorares." (Olavo Bilac)

Muitas pessoas morriam de medo da perna cabeluda.

FIGURAS DE SINTAXE

(a) assíndeto
(b) anáfora
(c) inversão
(d) elipse
(e) zeugma
(f) anacoluto
(g) pleonasmo
(h) polissíndeto
(i) silepse

(a) assíndeto
 
"Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se." (Machado de Assis)

Tens casa, tens roupa, tens amor, tens família.

"Vim, vi, venci." (Júlio César)

Chegamos de viagem, tomamos banho, depois saímos para dançar.

(b) anáfora

“ Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer”

Cada alma é uma escada para Deus,
Cada alma é um corredor-Universo para Deus,
Cada alma é um rio correndo por margens de Externo
Para Deus e em Deus com um sussurro noturno. (Fernando Pessoa)

"Se você gritasse
Se você gemesse,
Se você tocasse
a valsa vienense
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro José!"

(c) inversão
 
Tão leve estou que nem sombra tenho." (Mário Quintana)

"A grita se alevanta ao Céu, da gente. " 1  (Camões)
1 A grita da gente se alevanta ao Céu.

Ao ódio venceu o amor. (Na ordem direta seria: O amor venceu ao ódio.) Dos meus problemas cuido eu! (Na ordem direta seria: Eu cuido dos meus problemas.)

Correm pelo parque as crianças da rua.

Na escada subiu o pintor.

(d) elipse - (e) zeugma
 
“Na sala, apenas quatro ou cinco convidados.”

Após a queda, nenhuma fratura.
 
Ele come carne, eu verduras.
 
Ele prefere cinema; eu, teatro.
 
A cada um o que é seu. (Deve-se dar a cada um o que é seu.)
 
Tenho duas filhas, um filho e amo todos da mesma maneira.
 
Nesse exemplo, as desinências verbais de tenho e amo permitem-nos a identificação do
sujeito em elipse "eu".
Regina estava atrasada. Preferiu ir direto para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto para o trabalho, pois estava atrasada.)
 
Ele gosta de geografia; eu, de português.
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só móveis modernos.
Ela gosta de natação; eu, de vôlei.
No céu há estrelas; na terra, você.

(f) anacoluto
 
A vida, não sei realmente se ela vale alguma coisa.

Ele, nada podia assustá-lo.

Dois gatinhos miando no muro, conversávamos sobre como é complicada a vida dos animais.
Novas espécies de tubarão no Japão, pensava em como é misteriosa a natureza.

Esses alunos da escola, não se pode duvidar deles.

O Alexandre, as coisas não lhe estão indo muito bem.

A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha. (Camilo Castelo Branco)

(g) pleonasmo                     

“E rir meu riso e derramar meu pranto.”

Nós cantamos um canto glorioso.

“Vi com meus próprios olhos.”

Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto

Nesse caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o pronome "lhes" exerce a função de objeto indireto pleonástico.

Viciosos:

subir para cima, entrar para dentro, repetir de novo, ouvir com os ouvidos, hemorragia de sangue, monopólio exclusivo, breve alocução, principal protagonista

(h) polissíndeto
 
"Vão chegando as burguesinhas pobres,
e as criadas das burguesinhas ricas
e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza." 
(Manuel Bandeira)
"Falta-lhe o solo aos pés: recua e corre, vacila e grita,
luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se espedaça, e morre."
(Olavo Bilac)
"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.

“ E sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito (...)”

(i) silepse
                          • De gênero

Vossa Excelência está preocupado.
"Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito." (Guimarães Rosa)

• De número

Os Lusíadas glorificou nossa literatura.
Corria gente de todos lados, e gritavam." (Mário Barreto)

• De pessoa

“O que me parece inexplicável é que os brasileiros persistamos em comer essa coisinha verde e mole que se derrete na boca.”
"Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas." (Machado de Assis)